Mensagens no caminho do discipulado de Jesus

Fábio Antonio Gabriel, João Carlos Brambilla

PREFÁCIO     

O presente livro, conforme intuímos desde o título – Mensagens no Caminho do Discipulado de Jesus – apresenta-se como convite à reflexão na perspectiva do seguimento de Cristo. Cabendo-me a honrosa tarefa de prefaciá-lo, apraz-me indicar alguns aspectos úteis à sua leitura. “As palavras divinas crescem juntamente com quem as lê” (Homilia sobre Livro de Ezequiel I, VII, 8), concluiu São Gregório Magno, Papa e Doutor e da Igreja. O conteúdo destas páginas é, em primeiro lugar, expressão do encontro entre os autores e o Cristo-Palavra. Rezando com a Palavra de Deus, alcançaram aspectos do profundo significado que ilumina a vida do discípulo-missionário. Assim sendo, compaginada agora, tal experiência oracional com a Palavra quer ser partilha, destinada a estimular e a fecundar a busca pelo sentido último daqueles à cujas mãos esta obra chegar. Sentido último que tem por Deus por fonte e destino.

“A fé… é lanterna, porta e também fundamento de toda a Escritura” (São Boaventura, Brevilóquio – Prólogo). Cumpre notar, em segundo lugar, que a presente obra é escrita por homens de fé. Irmãos nossos, que se permitiram guiar pela fé no desejo de adentrar ao Mistério de Deus. Deste modo, reproduz o esforço do cristão contemporâneo por manter-se crente, embora rodeado por contexto nem sempre favorável ao desafio do crer. Nesse sentido, as reflexões elaboradas, na qualidade de ecos da espiritualidade de hoje, nos ajudam na compreensão do marco histórico atual. A mudança de época da qual nos falaram os Bispos reunidos em Aparecida por ocasião da V Conferência do CELAM (13-31 de maio de 2007), é um dos sinais dos tempos que exige decidida resposta dos cristãos no seio da Igreja.

“A contemporaneidade de Cristo com o homem de cada época realiza-se no seu corpo, que é a Igreja (João Paulo II, Veritatis splendor, 25). O terceiro aspecto a recordar, consiste na convicção de que, no seio da Igreja, a multiplicidade dos dons e carismas manifestam a multiforme ação da graça divina e concorre para o bem comum do corpo eclesial (cf. 1Cor 12,7). O texto que temos às mãos não possui finalidade doutrinária ou dogmática. Seu objetivo é práticoespiritual- pedagógico, ou seja, ambiciona motivar a perseverança na opção fundamental por Cristo inerente à graça batismal concedida a cada cristão. Portanto, devemos lê-lo como tal, abstraindo, o mais possível, sentimentos que nos despertem, empatia que nos anime e decisão que nos mova a um modo de existência cristã, tendo Cristo realmente por modelo e forma do nosso ser, agir e compreender a nós mesmos, aos outros e à realidade circundante.

Dividido em 40 reflexões, o conteúdo a seguir evoca como método de leitura a “mística do tempo necessáriooportuno”. Biblicamente, o número 40 aparece carregado de significado para a sensibilidade crente, tanto do Antigo quanto do Novo Testamento. O dilúvio teve a duração de 40 dias e 40 noites (cf. Gn 7,4.12), bem como a permanência de Moisés no Monte Sinai (cf. Ex 24,18). Por 40 anos peregrinou Israel até a Terra Prometida (cf. Nm 14,33). Na plenitude dos tempos (cf. Gl 4,4), Jesus jejuou durante 40 dias no deserto (cf. Mt 4,2; Mc 1,12-13; Lc 4,1-2), e 40 dias após a ressurreição subiu ao céu (cf. At 1,3-11).   Reconhecemos no simbolismo deste número a dupla perspectiva do movimentocontemplação. Os israelitas que vagam deserto a dentro, e a arca que desliza errante sobre as águas do dilúvio, encontram seu paradoxo no mistério do silêncio e do recolhimento de Moisés no alto do Monte, no Cristo que reza no deserto e que nas aparições pascais inflama o coração dos apóstolos confirmando-os na fé. Lendo este livro, permitamo-nos também silenciar na penumbra da reflexão, para mais ativamente encorajarmo-nos ao desafio da ação, da compaixão que nos faz movidos ao encontro do outro.   Que tal motivação nos configure realmente em autênticas testemunhas do olhar que nos cativou!

Por fim, concluo evocando a bela passagem da Carta Encíclica Spe Salvi, do Papa Emérito Bento XVI: “A vida é como uma viagem no mar da história, com frequência enevoada e tempestuosa, uma viagem na qual perscrutamos os astros que nos indicam a rota. As verdadeiras estrelas da nossa vida são as pessoas que souberam viver com retidão.   Elas são luzes de esperança. Certamente, Jesus Cristo é a luz por antonomásia, o sol erguido sobre todas as trevas da história. Mas, para chegar até Ele precisamos também de luzes vizinhas, de pessoas que dão luz recebida da luz d’Ele e oferecem, assim, orientação para a nossa travessia” (n. 49).   A leitura desse livro nos ajudará a expandir a vida interior, a fim de que seja transformado nosso exterior, orientando-nos sempre em Jesus, autor e consumador da fé (cf. Hb 12,2).

Parabenizando os autores pela iniciativa de levar a bom termo a produção da presente obra, manifesto minha gratidão pelo gentil convite para a redação deste prefácio.   Que Nossa Senhora, Sede da Sabedoria, que tudo guardava e meditava em seu Coração Imaculado (cf. Lc 2,51), nos seja companheira e mestra no itinerário que fazemos para o Céu, contando sempre com o testemunho e o estímulo dos irmãos e irmãs na fé.

Boa leitura.

Cascavel – PR, 17 de fevereiro de 2019

+ Mauro Aparecido dos Santos Arcebispo Metropolitano de Cascavel – PR

Ano de lançamento

2019

Autoria

Fábio Antonio Gabriel, João Carlos Brambilla

ISBN

978-85-7993-708-8

ISBN [e-book]

978-85-7993-709-5

Número de páginas

69

Formato